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Gatos pretos: Malditos ou sagrados?

sexta-feira, 13 de setembro de 2013



Feitiçaria, orgia, traição sexual, baderna e massacre. Os homens do Antigo Regime podiam escutar muita coisa no gemido de um gato", diz o historiador americano Robert Darnton no livro O Grande Massacre dos Gatos. Foi um período nebuloso para os pequenos felinos. Com a queda do Império Romano, a Europa medieval foi dominada por uma Igreja Católica carregada de superstições. "Naquela época, todos que fossem contrários à doutrina cristã eram bruxos, e toda bruxa possuía um gato", diz o professor de veterinária Archivaldo Reche, da USP. 

Com hábitos noturnos, olhos que brilham no escuro, caminhar silencioso e uma resistência física fora do comum, os gatos pareciam mesmo ser de outro mundo. Nasciam superstições como a de que eles, e principalmente os de pelos pretos, seriam bruxas disfarçadas. Vem dessa época a lenda de que cruzar com um gato na rua era sinal de mau agouro. E por muito tempo foi mesmo - não para nós, mas para eles. Em 1484, o papa Inocêncio 8o chegou a incluir os gatos pretos na lista de hereges perseguidos pela Inquisição. 

Morreram tantos deles nas fogueiras da Idade Média que os ratos começaram a se multiplicar rapidamente. Livres de seus caçadores, devastaram a população europeia em meados do século 14, carregando as pulgas que transmitiam a peste bubônica. Foram mortos cerca de 75 milhões de homens, mulheres e crianças, um terço da população da época. Uma tragédia que poderia ter sido atenuada se não tivessem sido atirados tantos paus nos gatos medievais.








                                                                                Deuses 

Aquela era de trevas era um tanto estranha para bichos que começaram sua história como deuses. No Egito antigo, 4 mil anos atrás, eles eram a representação viva da deusa Bastet, símbolo da fertilidade. Foram encontrados mais de 300 mil felinos perfeitamente mumificados - muitos deles enterrados em lugar de honra, ao lado da múmia de faraós. Gatinhos com a aparência do mau-egípcio e do abissínio - raças que lembram as mais antigas - aparecem em esculturas e pinturas rupestres, por vezes carregados de adornos e joias. 

Foi ali perto que, há pelo menos 9 mil anos, antes mesmo da invenção da roda e da escrita, surgiam os primeiros laços afetivos entre homens e gatos. Na região entre Israel e Iraque conhecida como Crescente Fértil, se estabeleceram os primeiros povoados. Para deixarem de ser nômades, essas aldeias precisaram começar a cultivar e então estocar comida, principalmente cereais. E a livrá-la dos ratos. É aí que entram os gatos. 

Os gatos selvagens africanos (Felis silvestris catus) que conseguiam se aproximar dos homens sem medo conseguiam mais comida e se reproduziam mais. Nascia assim a forma doméstica do animal, chamada cientificamente de Felis silvestris libyca. Esse animal, mais dócil, se espalhou pelo mundo a bordo de navios mercantes e expedições colonizadoras. Encantou monges budistas no Japão e bárbaros vikings. Em diversos desses lugares, o gato foi muito mais que um animal doméstico. Ganhou status divino, símbolo de boa sorte ou representante das trevas.

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